Mundo de desejos e vontades!

"Entre a chuva dissolvente, no meu caminho de casa, dou comigo na corrente desta gente que se arrasta.

Metro, túnel, confusão, entre o suor despertino, mergulho na multidão no dia a dia sem destino.

Putos que crescem sem se ver, basta pô-los em frente à televisão, hão-de um dia se esquecer, rasgar retratos, largar-me a mão.

Hão-de um dia se esquecer, como eu quando cresci, será que ainda te lembras do que fizeram por ti? "

E o que foi feito de ti? E o que foi feito de mim? E o que foi feito de ti? Já me lembrei, já me esqueci!" Xutos e Pontapés

Como a vontade de escrever aperta, aqui estou para escrever um pouco aquilo que me vai na

alma...

Lembro-me do tempo em que criança raramente havia hora para acordar... não havia responsabilidades, prazos, despesas, medos, invejas (salvo à excepção de uma guloseima mais apetitosa de um amigo), tempos em que uma pequena coisa se tornava enorme, um golo sofrido uma tremenda desilusão.

Porém, o tempo vai correndo, mudamos nós, muda o mundo, mudam as vontades, os interesses e começamos a ser gente à séria. Fruto disso mesmo começamos a criar constantes objectivos de vida pelos quais lutamos a cada segundo para concretizar, sejam extravagâncias, necessidades ou apenas desejos, os quais nos fazem ser ambiciosos!

Até aqui tudo bem, sou da opinião que um ser sem objectivos na vida não tem significado para a mesma, devemos ter sempre porque lutar ou algures até onde querer chegar, porém, não obstante achar que não existe ninguém que não tenha objectivos, não foi por aí que decidi hoje colocar aqui estas palavras, o que me assusta é a forma, os esquemas que algumas pessoas levam para chegar a patamares desejados.

Hoje em dia dificilmente encontramos um colega de trabalho que se preocupe mais em ajudar que ser ajudado, a cobiça por uma subida de posto, uma subida de salário é assustadora, quantas pessoas conhecemos que esquecem os meios para atingir os fins, quantos se fixam apenas no seu egocentrismo? Tento não ser assim, sincero, sou dos que ainda penso (talvez seja parvalhão por isso) que devemos dar mais do que receber e ajudar sempre que possa (tendo plena consciência de que existe gente à minha volta que não pensa o mesmo).

Apesar disso, ainda algo me assusta mais, o facto de alguns seres deste mundo apenas viverem plenamente fixados em objectivos materiais, e que cumpridos um ou dois deles se sentem Reis do Universo... lamento que muita coisa aconteça assim, sinto falta de alguns amigos que cresceram e se tornaram gente e que pelo simples facto de usarem uma gravata ou terem o 2.0 TDI com que sempre sonharam se esquecerem de uma base de vida, a amizade, tenha o que tiver prezarei sempre a amizade, penso que todos precisamos dela, aliás, basta pensar um pouco, quantas vezes damos por nós a olhar para uma outra pessoa no metro, rua, e temos a plena noção de que a mesma tem um ar cansado, em que o corpo se arrasta, de quem sofre diariamente, uma vida de sacrifício... mas temos a percepção de que a mesma apenas tem como objectivo ser feliz na vida independemente daquilo que tem ou ambiciona? É aí que por vezes encontramos uma amizade ou sinceridade na mais pura da sua essência! E é aí que pretendo chegar... nunca devemos esquecer quem somos e de onde vimos, às vezes um 2.0 TDI não esconde uma vida menos fácil ou uma infância menos feliz...eu sei quem sou, de onde vim e para onde e com quem quero ir, e não obstante aquilo que possa alcançar ou ter, nunca me hei-de esquecer a criança feliz e tudo aquilo que já fui ao longo de 29 anos!

Nuno

Nota: um abraço de Parabéns BACO!!